Valdívio da Cisterna

Que figura engraçada! O homem tinha estatura baixa, bem pequeno, o que favorecia a função que desempenhava muito bem na região: era escavador de cisternas. Já o vi cavar e finalizar uma de cerca de quinze metros de profundidade.

Certa vez, vi um veranista quase morrer de rir ao ver os seus equipamentos de trabalho. Ficou perguntando se as ferramentas eram de um dos sete anões, pois a pá, a picareta e os cavadores dele tinham cabos com, no máximo, meio metro de comprimento.

Um dia, ele me convidou para pescar siri com ele numa área marítima, lá para dentro de Parapatinga, época boa em que Dona Margarida, proprietária do local, ainda estava entre nós. Voltando ao assunto, pense num lugar longe para o ponto da pescaria… Pensou pouco ainda! Caminhamos muito, muito mesmo. E, quando chegamos ao local da pescaria, a maré já estava de enchente, o que dificultava e reduzia o tempo da pescaria.

Ao retornarmos, paramos numa pequena roça e colhemos maxixe, goiaba e manga. Comemos melancia doce e saborosa.

Sugeri a ele levar uma para casa, mas ele rapidamente negou a sugestão. No meio do caminho, ao passarmos por um trabalhador rural, ele falou:
— Tá vendo? Se tivéssemos trazido a melancia, o dono ia brigar!

E eu achando que a propriedade rural era dele… rsrsrs!

O homem tinha cultura musical, vivia dizendo que era fã de Bienvenido Granda, cantor cubano de muito sucesso nos anos 60 e 70. Gostava de cantar quando bebia. Lembro-me de vê-lo cantar no bar de Mestre, com grande empolgação, a música Chove na praça, mas, ao fim da apresentação, a emoção era tão grande que as lágrimas caíam dos seus olhos.

Trabalhava duro de terça a domingo, se precisasse, mas na segunda-feira, nem por decreto municipal, estadual ou federal.

Dizia em alto e bom tom que segunda-feira era o dia RIMUNHETEIRO e gritava com toda força:
POROPOPÔ E MOITA, É PAU PAU PAU PAU, É PAU DE GALO!

E assim iniciava mais uma segunda-feira de farra e alegria.

Ass: Um Eterno Veranista.

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