Mundego

Quem não se lembra ou teve a chance de conhecer o Mundego? Biriteiro de longa data, meio invocado, cismado, mas sempre honesto. Nunca soube direito como ele ganhava a vida, mas também nunca ouvi ninguém falar mal dele. Mundego era uma figura ímpar — falava de forma embolada e tinha um jeito engraçado de ser, o que o tornava único.

Numa certa noite, Bequinho estava à frente do seu bar, curtindo músicas no toca-fitas do carro de um cliente boêmio, um ex-funcionário da Petrobras, sujeito gente boa. Sempre que esse petroleiro chegava a Tairu, era sinônimo de festa e alegria para todos. Naquela noite, após estacionar o carro, ele, acompanhado de uma moradora local, uma amizade colorida, decidiu aproveitar os bares ao redor: o Bar de Vilma, o Bar de Mestre e, claro, o Bar de Bequinho. Aquela área era como uma pequena “Passarela do Álcool”, o ponto certo para quem queria aproveitar a noite.

Enquanto o clima de descontração reinava, Mundego passou pelo bar e pediu uma dose de cachaça. Bequinho, camarada como sempre, não só ofereceu a bebida como também o banco traseiro do carro do petroleiro para que ele pudesse descansar. Mais tarde, em um momento de distração, enquanto Bequinho entrou no bar, o petroleiro e sua “amiga” subiram no carro e seguiram rumo a Cacha Pregos, o badalado point do Cone Sul da Ilha.

Depois de uma noite de drinks e petiscos em Cacha Pregos, o casal voltou a Tairu. Pararam em um condomínio deserto, onde, sob a luz do luar, ouvindo o som do toca-fitas e o “chuá chuá” do mar, decidiram dar início a um momento mais íntimo. No entanto, ao reclinarem os bancos para criar seu “ninho de amor”, acabaram pressionando Mundego, que dormia tranquilamente no banco de trás do carro. Com o balanço do carro e o aperto inesperado, Mundego acordou soltando grunhidos que fizeram com que a nobre dama saísse do carro como veio ao mundo e o petroleiro romântico, assustado, procurasse a pistola 7.65 para defender o casal e o patrimônio. Ao descobrirem que quem estava ali era o velho amigo Mundego, a tensão se dissolveu, e a dama, já mais calma, pediu suas roupas de volta.

Todos voltaram ao carro para levar o “passageiro intruso” de volta ao ponto de partida. Depois de deixar Mundego em segurança, o petroleiro, ainda com esperança, tentou retomar o momento romântico. Mas sua parceira, visivelmente contrariada, gritou que o clima tinha ido embora, sem chance de “sapecar”. E assim, por causa de um mal-entendido, o casal ficou sem o tão esperado “love”.

Ass: Um Eterno Veranista

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