Baibai

Baibai era uma figura nativa de Tairu, não tinha o juízo pleno, viveu por lá até os anos 80.

Pescador de polvo, limpador de coqueiros, vendedor de cocos e estrume de vaca, capinador de terrenos e podador de árvores, ele realizava todos esses serviços com extrema qualidade. Diziam que Baibai era o único ser humano capaz de descer de um coqueiro de cabeça para baixo.

Certa vez, o filho de um respeitado professor veranista planejou ir à Prainha, na Banca, para pescar siri, e Baibai se ofereceu para acompanhá-lo. Como o carro, um Chevette, já estava com a capacidade máxima de passageiros, o filho do professor pediu que Baibai subisse no bagageiro e o amarrou. Durante o trajeto, Baibai reclamava do vento entrando pelas narinas e incomodando os olhos, mas ninguém o ouvia.

Em outra ocasião, um grupo decidiu ir à vila de Gameleira comprar um botijão de gás, já que esse era o ponto de revenda mais próximo de Tairu. Mais uma vez, o carro estava lotado, mas Baibai insistiu em ir junto. A solução encontrada foi acomodá-lo no porta-malas, ao lado do botijão vazio.

No entanto, o que ninguém sabia era que ainda havia um pequeno vazamento de GLP. A mistura de Baibai com o gás no porta-malas não podia resultar em coisa boa, e durante o percurso, Baibai gritava, mas não era ouvido. Ao chegar ao destino, sai do carro aquele negro atarracado gritando desesperado, afirmando que nunca mais voltaria no porta-malas. Os compradores, vendedores e transeuntes não entenderam nada daquela situação.

Apesar de todas essas situações, Baibai sobreviveu, vindo a falecer apenas após cair de um coqueiro alto. A lenda estava sozinha, trabalhando numa das atividades que ele tinha mais competência.

Descanse em paz, Baibai, limpando e descendo de cabeça para baixo dos coqueiros do céu.

Ass: Um Eterno Veranista

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