Lendas de Tairu: Seu Giró

Como falar de Tairu e não citar uma figura fantástica como Seu Giró?

Foi empreiteiro, corretor, encanador, eletricista, construtor, fazendeiro e muito mais. Sempre astuto e pronto a fazer negócios, e, às vezes, obter bons lucros. Pai de muitos filhos e filhas, bom marido e muito atencioso e solícito com as damas solteiras.

Certa vez, ele contou que, na época das vacas magras, sua esposa fez a divisão do almoço com a família e a parte dele já estava servida na mesa quando um provável comprador de um terreno apareceu à porta de sua casa. Após a conversa com o comprador ser finalizada sem um resultado favorável, Seu Giró retornou à mesa onde estava seu prato. No entanto, ao chegar, encontrou uma galinha de sua criação saboreando o feijão, a farinha, o arroz e a pequena fração de carne que se encontrava no prato dele. A ira subiu-lhe à cabeça e, num golpe certeiro como um Karate Kid caiçara, conseguiu segurar a penosa pelo pescoço, dando fim à sua vida e, assim, fortalecendo o jantar com uma bela panela de ensopado de galinha.

Outra vez, estavam filmando algumas cenas numa área chamada Pedrão, próximo ao entroncamento de Tairu, em frente à vila de Campinas. Ele contou que, ao chegar lá, encontrou toda aquela parafernália de um set de filmagem. Nas cenas, havia algumas mulheres com os seios desnudos e, como todo homem daquela época, início dos anos 70, numa ilha que ainda era uma vila de pescadores, ficou entretido com a situação. Os diretores do filme aproveitaram para perguntar se ele não tinha interesse em alugar sua antiga caminhonete. Gostando do visual das garotas e vendo a possibilidade de ganhar um dinheiro extra, prontamente fechou o negócio. Porém, os diretores e atores não atentaram para a fragilidade decorrente da idade do automóvel. O motor superaqueceu, deixando a viatura inoperante, e o dinheiro que ele recebeu não pagou o custo do reparo.

Este homem, que hoje não se encontra neste plano, foi o responsável por ultrapassar as fronteiras finais da rede de água e luz de Tairu, que iam no máximo até a Rua da Igreja, participando ativamente do desenvolvimento imobiliário local. Figura que merece respeito e será responsável por mais de uma dezena de casos e contos como estes.

Fique em paz, Seu Giró, instalando luz e água e vendendo terreno no céu. O senhor sempre será bem lembrado por nós!

Ass: Um Eterno Veranista.

Compartilhe esse post:

Related Posts