Tairu – Vera Cruz – Bahia
Um dia eu vi escrito na barraca de praia, “A Visgueira do Giró”, o seguinte texto:
“Tairu, nunca ninguém ou nenhum lugar me fez chorar de saudade como você” – Autor desconhecido.
Isso foi no começo dos anos 80. Tairu era uma bucólica vila de pescadores, muitas casas feitas de barro batido (taipa), pouquíssimas de blocos.
A praia, bastante deserta, era tão bonita como é hoje, porém aparentava ser maior do que é atualmente, tartarugas desovavam com frequência, mas o encanto e a essência continuam os mesmos.
Foi o lugar onde vi pessoalmente a maior quantidade de peixes pescados por uma rede de arrasto. O calão, mangas, cajus e cocos eram uma fartura absurda.
Naquela época, a Rua Beira Rio era só um rio, raso porém largo, que entrava em um condomínio formando a certa altura uma espécie de cachoeirinha, ótima para se refrescar. O rio da praia era limpo e cheio de peixes, era um ótimo ponto de apoio para a galera que acampava ali no coqueiral. Já vi mais de sessenta barracas de camping armadas por lá. Quem não já saiu do mar e tomou um refrescante banho no rio para ir para casa sem o sal?
Energia elétrica e água encanada não existiam, minto, só na casa de Seu Barreiras, que tinha um gerador de energia. Era o point para muitos assistirem TV à noite, e no bar de Zé, que saia cerveja, refrigerante e tubaína geladas. Não sei como, mas saía.
Quando foi instalada a energia elétrica em Tairu foi muito engraçado, pois chegou a energia nas residências, porém não chegaram os eletrodomésticos com a mesma rapidez. Então ocorria um processo migratório de liquidificador, ferro de passar e ventilador de forma intensa entre as casas.
Tempos depois da chegada de energia elétrica, foi instalado um posto telefônico ao lado do bar “A Pioneira”. Só quem viveu e interagiu com aquele sistema sabe o que é pelas imensas filas sofrer, e também saber da vida, problemas, soluções e alegrias dos outros sem fazer esforço algum.
Os points de diversão daquela época eram o Bar da Pioneira, que atendia os adultos e crianças, pois tinha whisky Old Eight e um freezer da Kibon, a discoteca do Elias, os luaus de Tabacal. Depois surgiu a modernidade com o bar de Bekinho e a sorveteria da praça.
Enfim, hoje Tairu é quase uma metrópole, com diversos bares, mercados, farmácias, lojas variadas, praça, UBS, muita vida e energia.
Nesta época surgiram figuras nativas lendárias que depois descreverei as histórias de alguns desses com mais detalhes e enriquecimento. Segue a lista: Xavier, Valdivino da Cisterna, Valdivino Lima, Seu Giró, Seu Barreiras, Seu Carrinho, Penaltí, Baibai, Mondego, Gonçalo, Tontoin, Capitão Mar e Guerra, Domingão, Cachoeira, Bafo de Bode, Tabacal, Zé da Garaiada (também conhecido como Luiz Ailo), Tonho Pitinha, Jorge do Violão, Vavá do Bavi, Floro, Pitu, Olívio, Seu Ginaldo, João Guará, Florim, Seu Cândido, entre outros que não consigo me lembrar no momento.
Ass: Um Eterno Veranista